10 de mar. de 2010

Mulheres ganham menos que os homens no mercado de trabalho!

Trabalhadoras receberam, em média, 72,3% do salário dos homens em 2009!





A diferença entre o salário de homens e mulheres diminuiu, mas elas continuam ganhando menos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto o rendimento delas é, em média, de R$ 1.097, eles recebem R$ 1.518. No ano passado, o salário das mulheres representava 72,3% do dos homens, resultado melhor do que em 2003, quando o percentual era de 70,8%.

Já a pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra a contradição entre a crescente entrada das mulheres no mercado de trabalho e a permanência da responsabilidade feminina pelas atividades domésticas. Em geral, as mulheres gastam mais tempo com afazeres domésticos. Em 2008, 86% das brasileiras com dez anos de estudo ou mais afirmaram realizar afazeres domésticos, contrapostos a 45% dos homens. Enquanto as mulheres despendiam, em média 23,9 horas por semana, os homens gastavam 9,7 horas.

Para o coordenador da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo, a escolha da carreira influencia os resultados da renda feminina. Ele explica que, culturalmente, as mulheres optam por carreiras que mesmo tendo curso superior pagam salários menores.

– A redução da diferença entre salário de homens e mulheres ainda é muito pouco expressiva – avalia.

O pesquisador compara o rendimento em setores como indústria e comércio. No primeiro, a presença de homens é maior, assim como os salários; enquanto o número de mulheres que trabalha no comércio é maior, mas, em média, os salários são mais baixos. A diferença de rendimento para a escolaridade de 11 anos ou mais de estudo é de R$ 616 a mais para os homens. Quando a comparação é feita para o nível superior, sobe para R$ 1.653.

Escolaridade maior



O estudo do IBGE mostrou que as mulheres empregadas estudam mais tempo. Enquanto 61,2% das trabalhadoras têm 11 anos ou mais de estudo, ou seja, pelo menos o ensino médio completo, entre os homens este percentual é de 53,2%. A parcela de mulheres ocupadas com nível superior completo era de 19,6%, também superior ao dos homens (14,2%). Já nos grupos de menor escolaridade, a participação dos homens estava superior a das mulheres.

Desempregadas chegam a 1,057 milhão no ano passado

A maioria das mulheres desempregadas (1,057 milhão, em 2009) tem entre 25 e 49 anos de idade, segundo dados do IBGE. Em 2003, as mulheres nesta faixa etária correspondiam a 49% da população feminina desocupada. Em 2009, elas já eram mais da metade: 54%.

A fiscal de renda e consultora de concurso público Lia Salgado, de 48 anos, depois de optar pelo plano de demissão voluntária do Banco do Brasil, em 1996, decidiu fazer concurso público. “Uma das vantagens dos cargos públicos é a igualdade de salário entre homens e mulheres”, destaca.

Segundo Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa do IBGE, o fato de o número de mulheres donas do próprio negócio ainda ser menor que o de homens pode influenciar no valor da renda, já que dono ganha mais que empregados.

Para a empresária Daniela Fiszpan, 38 anos, sócia com a mãe das lojas Fiszpan, a grande dificuldade é saber dosar seriedade e independência com feminilidade. Para ela, muitas vezes as mulheres precisam se impor no trabalho e ficam muito duras. Formada em economia e com experiência em grandes empresas, Daniela conta que viu muitas diferenças de salários entre sexos.

– Como empregadora, muitas vezes prefiro contratar mulheres, pois acho que temos mais jogo de cintura para resolver os problemas do dia a dia – ressalta Daniela.

Apenas 5% dos executivos mundiais são mulheres

As mulheres ocupam a presidência de apenas 5% de 600 grandes empresas de 20 países pesquisados pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês). Segundo o estudo, divulgado segunda-feira, as empresas brasileiras estariam entre as que têm mais mulheres como presidentes (11%), atrás de grandes companhias da Finlândia (13%), Noruega (12%) e Turquia (12%).

Em 11 dos países que participaram da pesquisa, os dados foram ainda mais alarmantes. Não há nenhuma mulher chefiando companhias na Bélgica, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Grécia, Índia, México, Holanda, República Tcheca e Suíça.

De acordo com o levantamento, os Estados Unidos são o país com o maior índice de mulheres empregadas nessas empresas em todos os níveis (52%). Logo em seguida vem Espanha (48%), Canadá (46%) e Finlândia (44%).

Já entre os países com o menor índice de mulheres empregadas nas grandes empresas estão Índia (23%), Japão (24%), Turquia (26%) e Áustria (29%). O Brasil aparece no meio da lista, com 35% de mulheres empregadas nas grandes empresas.

Segundo o relatório Diferença de Gênero Corporativo, mulheres ainda encontram dificuldades para ocupar cargos executivos em grandes companhias. A maioria das empresas que responderam aos questionários culparam a cultura corporativa masculina ou patriarcal e a falta de modelos pelo fato de as mulheres terem mais dificuldades.

– As mulheres são a metade da base potencial de talentos em todo o mundo e, por isso, ao longo do tempo, a competitividade do país depende de como se educa e utiliza os talentos do sexo feminino – destaca o fundador e presidente do WEF, Klaus Schwab.

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