9 de mar. de 2010

COMÉRCIO: Brasil X EUA em ano eleitoral?


Autoridades brasileiras anunciaram na segunda-feira uma lista de 102 produtos americanos que deverão ter sua tarifa elevada, esta ação totalizará em cerca de US$ 591 milhões em sobretaxas e irá direto para o caixa brazuca.

Na verdade o Brasil está pagando na mesma moeda a política de subsidio americana. Claro que  a decisão de aumentar as tarifas de importação de produtos americanos, após uma autorização da Organização Mundial do Comércio (OMC), implicará numa guerra comercial entre os dois países.

Esta medida só foi anunciada após a decisão favorável da OMC ao Brasil sobre uma disputa em relação aos subsídios pagos pelo governo americano aos seus produtores de algodão (outro produtos também são protegidos pelo governo americano). A OMC autorizou o Brasil a impor até US$ 829 milhões em sobretaxas.

A medida deve entrar em vigor no próximo mês, mas o governo americano espera conseguir um acordo nos próximos 30 dias para revertê-la.

Discussões

Segundo o Financial Times a questão deverá ser objeto de discussões entre as autoridades brasileiras e o secretário de Comércio americano, Gary Locke, e o assessor adjunto de segurança nacional para assuntos econômicos, Michael Froman, que chegam ao Brasil nesta terça-feira (09/03/10).

"O Brasil deixou claro que está aberto a um acordo antes de as novas tarifas entrarem em vigor (como sempre), mas as autoridades enfatizaram que qualquer acordo deverá ser aplicado especificamente ao algodão. Uma possibilidade pode envolver transferência de tecnologia dos Estados Unidos para os produtores de algodão brasileiros", diz o jornal. -É o caso de um país mais produtivo para um país com maior fronteira produtiva do produto.

Mas a reportagem observa que é incerta a margem de manobra do governo americano para negociações, já que alterações significativas no programa de subsídios ao algodão demandariam mudanças na legislação agrícola. Como se diz em teoria dos jogos, este é uma decisão de canto e o problema é deles!

Segundo o Financial Times "cada vez mais os parceiros comerciais dos Estados Unidos reagem à pressão. entretanto, o jornal observa que as economias dos Estados Unidos e do Brasil "são menos dependentes do comércio do que os investidores podem temer".

Por fim cabe lembrar que estamos num ano eleitoral e provavelmente existe nos policy makers brasileiros a componente urna. Desta forma quanto maior o risco de uma decisão na política comercial externa maior o risco do uso político no palanque. Assim, neste caso, provavelmente haverá a busca incessante por um acordo que vise a minimização das perdas.

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